Rosa dos ventos

Faz vista comprida que mareja por águas próprias
Com o olhar de "sem-curva" vê que as nuvens beijam o mar
Distante, deita a razão do viajante
Distante do barco, que com apreço habita
No convés, convém que venha a ter um livro aberto
Com tinta o suficiente para que a pena de viver escreva
Escreva ao se ver, todas as maravilhas, que nos seus próprios e imensos mares
De pedras claras e águas por vezes escuras
Vier, com paciência e razão, conhecer
Mas salga suas páginas com suor, lágrimas e mar.
Quer queira, quer...queira.

Não cogita fugir de suas rotas profusas e confusas.
Pois, de tão surpreendentes e tão suas
As conhece como conhece os caminhos uma errante personagem de rua
Que tem todos os caminhos nele sem a consideração de ser tido como guia
Tem todas as telas de um dia no coração ressentido
Sem ser tido como pinacoteca do cotidiano.

Mas um dia, esse viajante cansa.
Se cansa das cartografias próprias
Que de tão sabidas, as percorre todas, todos os dias, de olhos fechados.
Cansado, procura, hasteia velas ao passo que rema
Desesperado por se encontrar
Desesperado por não conseguir se perder.
E quando não mais pode esperar, desesperar, remar ou sequer navegar
Pára.
Ao amor, sabor e calor de revoltas águas demasiado calmas.

De sôfrego relampejo de esperança efêmera
Que traja em si o percurso de olhos turvos,
Da por si, conta de sim, ser revolto de calmaria sóbria
Ensandecido por estar completamente faltante de faltas.
Completo e faltante numa catarse estanque.


Ao vento, encontra de repente, um istmo.
De águas de entorno, rasas e límpidas.
Manobra seu surrado navio, de tantas viagens.
E sem cerimônia, desembarca.
Agradece ao navio por sua serventia e o deixa.

E então, depois de muito capitanear e comandar seus próprios intentos.
Há de servir em outros conveses.
Visitar novas águas para salgar novas páginas.
Não mais espera, não mais se desespera.
E nos seus olhos, ainda de oceano.
Sereno. Garoa. Não mais tempestade a marejar seus caminhos.


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