Uma pedra no lago.

A princesa que vinha correndo pelas maçãs do lago quando tropeçou se viu concentrada num pedaço do seu coração. Seus pomares de cera, nos seus infinitos castelos internos, não eram nada como aquelas maçãs as quais tanto queria apanhar no lago. Quanto mais se aproximava desse lago mais pesados seus calcanhares se tornavam e mais choravam as videiras de suas crenças, as quais cresciam sem limites pelos muros de seu conforto. Não parou... não parou de caminhar até que suas costas já não aguentassem as dores lancinantes de algumas lembranças mórbida, aí então, parou. Não o devia ter feito. Uma vez parada, quis voltar. Foi tarde. A luz que iluminava o caminho de volta já tinha se ido há tempos, muito antes do primeiro calcanhar clamar misericórdia. Gritavam-lhe nos ouvidos "CORRA, FUJA, CORRA" e uma vontade visceral dizia, aos sussurros. "continua...". O lago se aproximava dela a medida que ela se aproximava das maçãs. Quando já lhe sorriam às mãos desejosas, quando os dedos puídos e moídos de dor e estafa tocaram as maçãs geladas com o frio taciturno de uma noite da consciência... ela acorda, sorri. E começa correr em direção a um lago, no qual em seu entorno existem maçãs... E assim acontece, assim tem acontecido e assim sempre acontecerá.