Da graça de viver

Duas árvores me convidaram para um jantar. De início achei um convite estranho mas acabei por considerar a ideia. Nenhuma delas dava frutos visíveis ou possuía folhas aparentes dizia a carta, o que me fez ficar com um pé atrás. Dentro da carta, que me enviaram por meio de um pássaro negro, havia também a recomendação de que eu fosse até o local descalço e com a manga direita da camisa cortada.


Antes de dizer se aceitava ou recusava o convite ao mensageiro que havia me trazido a carta, perguntei quanto tempo eu tinha até que desse minha resposta final, ao que ele me respondeu que eu já havia respondido e já me encontrava algum tempo atrasado.


Era uma tarde de Sol azul e eu vestia minha melhor camisa. Rasguei a manga, deixei os sapatos e comecei a caminhar. Para minha surpresa, ao passo que eu andava, andavam também os caminhos que eu fazia. Quando em dúvida eu perguntava ao mensageiro que caminho escolher e ele sempre me indicava à esquerda e se deu o seguinte diálogo:


- Se eu virar sempre à esquerda vou acabar no lugar de onde saí.
- Se você conseguir fazer isso, vai achar o lugar que procura.


A resposta pra mim foi misteriosa o suficiente pra eu não questionar. Decidi que seguiria esse caminho sem pensar SE eu chegaria e pensaria apenas no que fazer quando chegasse.


Ainda não cheguei, mas já entendi o motivo de estar descalço e também que as duas árvores são na verdade apenas uma e sua sombra.