Num banquinho

Tinha uma coisa que um velho muito velho costumava dizer. Dizia que o que tinha de belo no feio era a verdade de reconhecer que a perfeição está em existir por ter esse direito, por ter essa vontade. Não sabia dizer se era mais vontade ou mais direito, ou se era direito ter vontade. Mas sorria, pois, no final, tinha sempre algo a se sorrir.

Quando se fica leve pelo simples fato do peso não ter mais sentido. Quando a consciência de tão amiga do corpo, voa e de boa vontade leva ele junto pra longe. E aí ela vai, junto dos passarinhos, que sem saber que existem são mais sólidos que o homem que de tanto pensar se existe acaba ficando confuso e adoece triste.

Ia assim, indo. Simplesmente sendo qualquer coisa que não deixava de ter em si tudo e todos aqueles que um dia já deitaram ouvidos nas suas frases, que também eram misturas de frases de outros que um dia já tinha deitado ouvidos. Um cópia, feita e refeita, que se reforma e fica mais bonita e sutil a cada dia.

Podia ser que um dia reconhecesse que se estava errado mas não ligava. Enquanto esse dia não chegasse não pararia de tentar sorrir ao feio, ao belo, ao sim e ao não. Insistia dizendo que no final, a gente se sente sem escolhas por não reconhecer que pode tudo. Ou então, se pode tudo que se pode ser, sem nunca saber se já é, foi ou ainda será!

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