Apoteose

Palco distorcido de palhaços irônicos.
Recorrem à fé de tolos para justificar um erro mal calculado.
Tem todos, eles todos, um meio pra isso.
Comem do pão matinal sem cuspir em taça alheia.
Não por educação, mas por sedução de virgens distraídos.
Longe dos cuidados de uma benzedeira surda.
Fogem à minha compreensão. Não que ela não os procurem.
É que todo dia tento não me afogar.
Segurando em lascas de crucifixo.
Cruz de um credo, que não o que creio.
Caducos de tanto coçar a nuca, morrem palhaços no palco.
Cozem sentados numa cadeira de madeira uma cortina furada.
Que de tão pequena esconde nada mais, nada menos, que mais nada.
Fujam de seus risos estrangulados em incerteza mal dita.
Escutem a chuva cair nos túmulos de sua ética.
Salvem sua idiotia com comprimidos de saudade.

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